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A COP das Finanças transformou-se na COP do desalento para os Países em Desenvolvimento 

A Oikos considera que, apesar das promessas de progresso que constam no acordo obtido na COP29, este representa mais uma oportunidade desperdiçada para avançar o combate às alterações climáticas, um desrespeito pelos princípios do Acordo de Paris e uma clara traição às populações mais vulneráveis dos Países em Desenvolvimento e às Gerações Futuras de todo o planeta.

Os 300 mil milhões de dólares de financiamento dos Países Desenvolvidos para o combate às alterações climáticas pelos Países em Desenvolvimento podem parecer um progresso considerável na direção certa. No entanto, se considerarmos que o compromisso é que este valor será atingido apenas em 2035 e que, segundo o documento agora aprovado em Bacu, a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas dos Países em Desenvolvimento e as suas necessidades financeiras para Adaptação estão estimados num valor anual entre 670 e 971 mil milhões de dólares, a ideia de progresso desaparece quase por completo. 

Não é de estranhar a revolta nas intervenções dos delegados de vários Países em Desenvolvimento, como a Nigéria, a Bolívia ou as Maldivas, nas últimas horas da COP 29. É que mais uma vez, aqueles que mais precisam de apoio, aqueles que mais sofrem com o impacto das alterações climáticas e que, paradoxalmente, são aqueles que menos contribuíram para a desregulação do clima do planeta, são justamente aqueles a quem é pedido um esforço proporcionalmente maior para nos salvar a todos. 

Também é importante referir que parece haver um claro enfraquecimento de vários pontos que tinham sido considerados como resultados positivos COP28. Por exemplo, não há referências ao abandono progressivo dos combustíveis fósseis e o Fundo de Perdas e Danos continua a não estar verdadeiramente operacionalizado. Estes esquecimentos ajudam a aumentar a incerteza com que os Países em Desenvolvimento olham para os resultados da COP29. 

Antes do arranque desta COP, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres dizia que o “financiamento climático não é caridade, é um investimento”, aparentemente os Países Desenvolvidos não estão dispostos a fazer esse investimento e, independentemente, dos aplausos e agradecimentos no plenário final, fica no ar um sentimento de revolta entre todos os que ainda defendem o Acordo de Paris e sua promessa de justiça climática.

A esperança agora passa por Belém e a COP30 é agora de uma importância capital para a sobrevivência do Acordo de Paris.