Em 2015 os produtos de marca própria vendidos nos supermercados atingiram um valor nunca esperado das vendas a retalho.
Em 11 países, sete das grandes cadeias controlam mais de 70% das vendas a retalho dos alimentos.
No Workshop Projetos de Sustentabilidade Alimentar das Organizações Não-Governamentais realizado, esta quarta-feira, pela Quercus em parceria com a Oikos, tentou-se alertar para a ideia de alimentos ideais e justos, partindo do princípio que tem de haver uma redução do impacto ambiental ao longo das cadeias de abastecimento.
A Agrobio, o IMVF, a Engenho e Obra e a GEOTA foram algumas das ONG que estiveram presentes.
A colaboradora da Quercus, Paula Silva, referiu que “os supermercados têm de assumir a responsabilidade pelas condições em que os produtos com as suas próprias marcas são produzidos”. A Quercus representa a nível nacional o projeto europeu Supply Cha!nge, que pretende aumentar a sustentabilidade da produção e do consumo de produtos de marca própria nos supermercados europeus.
Num estudo feito, tendo em conta as cadeias que se inseriam no Código de Conduta Britânico de Abastecimento dos Supermercados, British Grocery Supply Code of Practice, o El Corte Inglês foi um dos supermercados, presentes em Portugal, distinguidos por, por exemplo, melhores critérios de comércio justo.
Também Susana Fonseca da Quercus, disse que “as cadeias agroalimentares preferem o eco design ou o rótulo europeu biológico ao invés de um rótulo com uma pegada ecológica.” As palavras da voluntária da Quercus surgem no contexto do projeto “Pegadas Ecológicas de Produtos”, que tenta inserir em produtos alimentares e não só, um rótulo que quantifica todos os impactos ambientais da cadeia de produção.
Sabemos que a banana é a fruta mais comercializada a nível mundial. E, por isso, já há algum tempo que a Oikos tem vindo a apoiar no Peru, a produção de banana orgânica com o projeto “Sustentabilidade do sector bananeiro como forma de contribuir para a redução da pobreza na região Piura”. Agora, propõe-se em trazer até aos portugueses uma banana orgânica e justa que estará disponível em algumas das maiores cadeias de supermercados em Portugal. Foi por se falar em bananas justas que José Luís Monteiro, da Oikos, proporcionou aos convidados um momento diferente. Um jogo “Pedaços da Banana”. Dado que um 1kg de banana custa 0.90 cêntimos, foram formados grupos (produtores, importadores, cadeias de distribuição, etc) e cada um teria de decidir quanto merecia desse lucro. Excedeu-se em muito o valor de 0.90 cêntimos. Na realidade, cada trabalhador de uma plantação de bananas ganha apenas 3 cêntimos.
José Luís Monteiro referiu ainda o projeto “Integrar para Alimentar”, um projeto de sustentabilidade alimentar. O representante da Oikos surpreendeu o público quando disse que estava disponível online uma legislação completa de segurança e alimentar e nutricional. Muitas foram também as pessoas que se quiserem inscrever nas comunidades de prática relacionadas ao projeto.
Ana Santos, representante do IMVF e ligada à campanha Fruta Tropical Justa, disse que “é necessário que exista em toda a cadeia de produção um respeito absoluto pela dignidade humana”. Para Ana, “os supermercados enquanto poderosos atores na cadeia de distribuição tem de pagar preços justos aos seus fornecedores”.