Notícias

Quase dois terços do óleo de palma consumido na UE é queimado como combustível

Esta é uma das conclusões relevantes da análise dos dados da OILWORLD, referência da indústria para os mercados de óleos vegetais, divulgados recentemente pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E).   

Os europeus estão a utilizar cada vez menos óleo de palma na alimentação e, em vez disso, estão a queimar mais óleo de palma nos automóveis e veículos pesados. No ano de 2018, 65% de todo o óleo de palma importado para a UE foi consumido para energia. Mais de metade (53%) de todas as importações de óleo de palma foi utilizada para produzir biodiesel para automóveis e veículos pesados e 12% para a produção de energia elétrica e aquecimento, dois recordes a registar. O óleo de palma utilizado para produção de biodiesel cresceu novamente em 2018, a um ritmo de 3%, enquanto o uso de óleo de palma utilizado para a alimentação caiu significativamente (cerca de 11%). 

 

Numa decisão histórica no passado mês de maio, a UE classificou a utilização de óleo de palma como insustentável (com algumas exceções discutíveis) e o mesmo deve ser eliminado até 2030, num calendário que terá início em 2023, mas que pode ser antecipado.

 

Em Portugal e segundo a ONG ZERO, e socorrendo-se de dados disponibilizados pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I. P. (LNEG), para o ano de 2018,  utilizaram-se mais de 38 milhões de litros, uma quantidade cerca de 5 vezes superior à utilizada durante todo o ano de 2017, que foi de 7.632 m3. Num comunicado de imprensa, a ZERO recorda que o óleo de palma é conhecido por ser um importante impulsionador da destruição das florestas tropicais e a vida selvagem associada, e sabendo que Portugal importa 87% do óleo de palma de mercados como a Indonésia e a Malásia, está de forma inequívoca a contribuir para a continuação de um cenário insustentável, com consequências ao nível da desflorestação. Em consequência a ONGA apelou ao Governo português e aos diferentes partidos políticos, para que se comprometam com a definição de um calendário apropriado, com o abandono até ao final de 2020 da utilização do óleo de palma para a produção de biocombustíveis e como elemento incorporado no gasóleo comercializado em Portugal.

 

A propósito dos desafios éticos e técnicos que se colocam à produção de biocombustíveis, suas implicações na perda de biodiversidade e conflito com a produção de alimentos, a Oikos participou, em 2011, na publicação do livro “Handbook on Biofuels and Family Agriculture in Developing Countries”, em parceria com a ONG italiana GVC e com o Instituto Fraunhofer (Alemanha), entre outros. 

 

A publicação pode ser consultada aqui.

 

Foto: Zero