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Projeto inovador da Oikos tem sido discutido em Conferência Internacional no Quénia

O planeta fornece, através dos serviços ecossistémicos, os bens essenciais às sociedades humanas que nele habitam. No entanto, as necessidades e os padrões de consumo de uma crescente população humana, ultrapassam a capacidade do planeta e geram competição pela terra (e seus recursos), levando à degradação ambiental, conflitos sociais e perda de biodiversidade. As alterações do uso do solo são responsáveis por quase 24% das emissões globais de gases com efeito estufa e são responsáveis pela degradação de mais de um terço das paisagens do planeta (com prejuízos económicos anuais de milhares de milhões de euros e degradação das condições de vida de mais de mil milhões de pessoas).

Em São Tomé e Príncipe, a Oikos juntou-se à Birdlife International e à Zatona-ADIL, para, a partir de 2021 e com o apoio da União Europeia e da Cooperação Portuguesa, implementar um projeto que aposta na capacitação e participação das comunidades que vivem e dependem do Parque Natural Obô, no desenvolvimento de iniciativas que melhorem as condições de vida e meios de subsistência das populações, ao mesmo tempo que promovem a manutenção e recuperação da floresta.

No Quénia, a Oikos tem apresentado as atividades que tem vindo a desenvolver no âmbito deste projeto, incluindo a melhoria do sistema de gestão e monitorização do Parque, valorização das cadeias de produção e transformação de produtos agroflorestais (com foco em produtos não destrutivos, como o mel ou os resultantes do aproveitamento de fibras naturais) e a capacitação das comunidades para gestão participativa dos ecossistemas.

Durante este encontro a Oikos tem também participado na troca de experiências com projetos congéneres em curso em duas dezenas de países de África, Ásia e América Latina (incluindo países lusófonos como o Brasil ou Timor Leste). Ontem, tivemos a oportunidade de visitar um dos projetos do programa, na Lari Landscape: um projeto que decorre numa zona de Floresta e campos de cultivo, com uma parte plana e uma parte montanhosa, a cerca de uma hora de viagem de Nairobi. Alguns dos problemas que as comunidades têm vindo a enfrentar são muito semelhantes aos de São Tomé e Príncipe, com as comunidades altamente dependentes da floresta e usando práticas que trocam rendimento rápido por destruição da floresta (como o abate de árvores, recolha indiscriminada de recursos, fabrico de carvão, etc…), com a agravante de que muitas das comunidades têm gado e usam a floresta para pastagem de forma indiscriminada. Assim, têm vindo a sensibilizar e intervir com as comunidades para identificar e ajudar a implementar alternativas económicas.

“Os dois ensinamentos mais importantes que tiro deste evento é que uma estratégia ILM (Integrated Landscape Management) funciona. E que a base da intervenção e o principal fator de continuidade e sucesso é a construção de uma Visão Comum… De uma paisagem imaginada que todos os atores querem ver no futuro.”, refere José Luís Monteiro, Gestor de Projetos da Oikos.

Onde há três décadas havia uma floresta degradada, hoje habita uma floresta recuperada, viva, cogerida com as comunidades e com o futuro: uma paisagem que queremos ver em São Tomé num futuro próximo, e para a qual trabalhamos diariamente neste projeto.

O projeto “Gestão paisagística em STP” é implementado pela Oikos, Birdlifeintrnational e Zatona, com financiamento da União Europeia e Instituto Camões.