Artigo publicado no portal VER
Seminário “A economia social é uma economia de partilha
No seguimento do evento divulgado pela Oikos, realizado no dia 12 de Abril, e que tinha Pedro Krupenski, Diretor de Desenvolvimento da Oikos, como um um dos oradores convidados, o Seminário “A importância da Economia Social e das Organizações sem Fins Lucrativos no Portugal de 2012” realizou-se com sucesso, e foi destaque de um artigo do Portal VER. Leia a seguir alguns excertos deste artigo.
Trabalhar sem desperdício nem “capelinhas”
Perante “uma realidade em mutação acelerada”, Manuela Silva, professora catedrática Jubilada do ISEG, reforçou a necessidade de a Academia acompanhar e estudar novos conceitos, designadamente as experiências mais recentes de Economia Solidária. Na sua opinião, a economia social “começou a sair da obscuridade em que tem vivido no currículo académico”, o que é fundamental, já que “o ensino e a investigação têm um papel muito importante na conceptualização e na identificação dos princípios de gestão que asseguram a eficiência dentro do próprio sector”, disse ainda ao VER Manuela Azevedo. Para a autora de diversos estudos dedicados à Pobreza em Portugal, é essencial “evitar que a economia social acompanhe os princípios de gestão do sector capitalista”.
Crítico, Pedro Krupenski defendeu que “à semelhança de outros, o princípio da subsidiariedade é letra morta”, considerando que se princípios como este fossem cumpridos, “as ONGD teriam um papel muito mais preponderante”.
Referindo-se à necessidade de diálogo no âmbito da concertação social, o Presidente da Direcção da Plataforma Portuguesa das ONGD e Director de Desenvolvimento da Oikos – Cooperação e Desenvolvimento, questionou quem está, afinal, mais capacitado para resolver os problemas sociais. A retórica da experiência no terreno e conhecimento de causa das organizações merece, parte de Krupenski, a resposta óbvia a uma questão que provavelmente já não se deveria colocar: “as ONGD também têm o direito de poder cumprir o que entendem ser útil e necessário, com o apoio do Estado”.
Na sua opinião, as organizações sociais “devem tornar-se agentes competitivos na economia social (o que será “uma pista de fora para dentro”, comenta), mas só poderão fazê-lo encarando-a como “uma economia de partilha, sem “capelinhas” e onde o conhecimento e boas práticas das organizações são reconhecidos ao nível da economia nacional.
Os contributos para uma economia social eficiente passam por “uma revolução cultural em quatro frentes”, defende ainda Pedro Krupenski. São elas a afirmação de uma identidade do Terceiro Sector; a eliminação do tabu associado ao conceito de “não lucrativo”, reforçando a aposta na eficiência e na autonomia das escolhas (“talvez o desafio mais problemático”, diz); a revisão do âmbito das acções de voluntariado, “porque não chega a boa vontade ou fazer qualquer coisinha pelos outros, é preciso fazar muito mais do que isso”; e, por último, o reforço das parcerias, alianças e fusões, evitando o desperdício de recursos que “são maiore do que os benefícios, quando se trabalha sozinho”.