A pandemia aumentou muito o risco de “colapso do sistema de financiamento ao desenvolvimento” dos países mais frágeis, alerta a OCDE num relatório publicado esta semana, indicando que as nações doadoras “têm a obrigação” de reforçar este apoio.
Mais de 90 países em desenvolvimento estão em recessão económica e 150 milhões de pessoas poderão ser “atiradas para uma situação de pobreza extrema” ainda em 2020.
A pandemia aumentou o risco de “colapso do sistema de financiamento ao desenvolvimento” das nações mais frágeis, mas os países doadores “têm a obrigação” de reforçar este apoio. É esta a conclusão do relatório da OCDE “Global Outlook on Financing Sustainable Development 2021: A New Way to Invest for People and Planet”, publicado esta semana.
O documento publicado e divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) destaca ainda que, mesmo antes da pandemia, estes países “já se deparavam com uma lacuna financeira de 2,5 mil milhões de dólares” que limitaria o cumprimento dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. A pandemia só veio aumentar este saldo negativo, que a OCDE estima ser agora de 4,2 mil milhões de dólares. Estes valores resultam não só do “agravamento das necessidades financeiras” destes países (à volta de 1,7 mil milhões de dólares), mas também das enormes quebras de remessas de emigrantes e da fuga do investimento direto estrangeiro (cerca de 700 mil milhões), e de uma fatura de cerca de mil milões de dólares criada pelas despesas associadas à resposta à Covid-19.
Todos estes fatores negativos levam a que a OCDE advirta para o sério “risco de colapso do sistema financeiro ao desenvolvimento”.
A OCDE recomenda aos países desenvolvidos a mobilização de mais ajuda pública ao desenvolvimento, a necessidade de uma abordagem sistémica da dívida dos países mais pobres, o aumento de mecanismos de investimento privado e o alinhamento de todo o financiamento público e privado com os objetivos de desenvolvimento sustentável.
Os Países que integram a OCDE terão de suprir a esta lacuna de 4,2 mil milhões de dólares e o relatório vai mais longe especificando que há “cerca de 379 mil milhões de dólares de ativos financeiros geridos por bancos, investidores institucionais, mercado de capitais e gestores de ativos financeiros”, “bastaria que 1,1% desses ativos financeiros fossem anualmente alocados a projetos dedicados ao desenvolvimento sustentável para que aquele défice fosse suprido”.
Relatório completo online.