Uma das tematicas abordadas no programa de formações técnicas do projeto FOR.BIO.STP é a Valoração dos Serviços dos Ecossistemas, ou seja, como determinar o valor dos diferentes serviços que um ecossistema presta aos seres humanos?
Repartida em dois blocos de 2 e 3 dias nos meses de maio e junho 2016, a formação foi dirigida a cerca de 20 técnicos das ONGs da Rede Bio (MARAPA, ALISEI, ZATONA-ADIL, ADAPPA, TESE e QUA TELA) e de algumas ONGs da Região Autónoma do Príncipe (Associação das Mulheres do Príncipe, Associação Moshopé, ARPA, os Escuteiros do Príncipe, UDP – União para o Desenvolvimento do Príncipe). A formadora foi a perita portuguesa Rita Gomes da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves).
Quais são estes serviços prestados à sociedade? Como dimensionar e medir los de forma detalhada e credível, para que possam servir de ajuda a tomada de decisões adequadas relativamente ao uso dum determinado território ou recurso natural? Quem beneficia destes serviços e de que forma? Quais são os impactos (positivos ou negativos) das atividades humanas nestes serviços? São tantas questões que a formação permitiu abordarar na teoria e com base em exemplos observados no terreno na localidade de Morro Peixe, distrito de Lobata.
A título ilustrativo, fomos visitar a Praia das Conchas, onde pudemos observar a forte degradação sofrida por uma zona de mangal, seguidamente a construção de uma estrada que impede a boa circulação da água do mar dentro e fora da bacia desta vegetação característica. Em consequência desta alteração do meio físico, o mangal já não presta o serviço de proteção contra a erosão costeira e os peixes já não conseguem desovar neste ambiente que em tempos normais é considerado o “berçário do oceano”.
Qual é o custo da perda de qualidade destes serviços para a população vizinha deste espaço? Ou dito de outra maneira, quanto custaria ao Estado para reproduzir artificialmente estes serviços, prestados “gratuitamente” pela natureza?
Mais à frente no projeto estes conhecimentos serão postos em prática na regiao autónoma do Príncipe, através dum exercício participativo de Avaliação Rápida dos Serviços dos Ecossistemas. Por isso e em preparação desta atividade, aproveitou-se a presença dos técnicos do Príncipe para conhecer melhor as suas atividades na região e antecipar a recolha dos dados.