Moçambique/Cheias: ONG Oikos e Save The Children apelam a donativos
15 Jan 2008
Lisboa, 15 Jan (Lusa) – As organizações não-governamentais Oikos e Save The Children iniciaram hoje campanhas de recolha de donativos para acudir às vítimas das cheias em Moçambique, acção já lançada também a nível internacional pela Cruz Vermelha moçambicana.
Lisboa, 15 Jan (Lusa) – As organizações não-governamentais Oikos e Save The Children iniciaram hoje campanhas de recolha de donativos para acudir às vítimas das cheias em Moçambique, acção já lançada também a nível internacional pela Cruz Vermelha moçambicana.
A britânica Save The Children pretende angariar com a campanha hoje lançada um total de um milhão de libras (1,3 milhões de euros), destinados a operações de auxílio a crianças deslocadas devido a subida do nível das águas de alguns dos principais rios de Moçambique, enquanto que a portuguesa Oikos necessita de 350 mil euros para uma operação de quatro meses no país.
No vale do Zambeze, centro de Moçambique, as cheias já obrigaram à deslocação de 53.982 pessoas, das quais 2.121 foram resgatadas hoje para centros de acomodação temporária, de acordo com o último balanço oficial. Os números totais deverão, no entanto, ser mais elevados já que ao longo do rio, sobretudo em localidades sitiadas como Mutarara, Mopeia, Chine e Inhangoma, permanecem populações por resgatar, como adiantou João Ribeiro, director-adjunto do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique.
A Save The Children alerta hoje que “estão previstas para as próximas semanas fortes chuvas e prolongada subida do nível das águas, fazendo destas as piores cheias em Moçambique nos últimos anos”.
“Já estamos no terreno, respondendo a esta emergência, mas não há qualquer sinal de que as cheias estão a terminar. Na realidade, há todos os sinais de que vão piorar. Mais crianças serão forçadas a sair das suas casa e a procurar refúgio em campos de realojamento, onde vivem em condições de ajuntamento e insegurança, e com risco elevado de doenças”, afirma Chris McIvor, director da ONG britânica em Moçambique.
A Save The Children diz estar já a distribuir “kits” de emergência com cobertores, utensílios alimentares, sabão, purificadores de água, cordas e coberturas de plástico para construir abrigos.
“Também estamos a trabalhar com as autoridades locais para assegurar que as crianças deslocadas pelas cheias estão em segurança. Onde possível, estamos a disponibilizar tendas escolares a tempo do começo do novo período escolar, dentro de duas semanas”, afirma a organização. Os donativos podem ser feitos através do “site da ONG”, de uma linha telefónica no Reino Unido e também nas lojas Save The Children, em dinheiro ou géneros.
Quanto à portuguesa Oikos, estima em perto de 350 mil euros as suas necessidades para um período de quatro meses de acções em Moçambique.
“Mais uma vez a Oikos está a mobilizar recursos e vontades no terreno. Com uma equipa de 17 elementos estamos a apoiar 4.000 famílias nas zonas afectadas através de construção de poços, distribuição de materiais agrícolas e medidas de redução de impacto de inundações”, refere a ONG em comunicado hoje divulgado. Actualmente, a Oikos já beneficia em Moçambique perto de 12 mil famílias, cerca de 49 mil pessoas. A ONG esteve presente nas cheias do ano passado, que obrigaram à deslocação de perto de 163 mil pessoas e destruíram perto de 80 mil campos agrícolas.
Para recolher os donativos, foi aberta uma conta na Caixa Geral de Depósitos.
A Cruz Vermelha de Moçambique está a focalizar-se nos depósitos para residentes no estrangeiro, através de uma conta no Bank of New York, Estados Unidos.
As agências humanitárias no terreno estimam que o total de deslocados ascenda já a 65 mil em todo o país, com 12 mil famílias a necessitar de abrigo, água, alimentação e produtos de primeira necessidade.
Na segunda-feira, a UNICEF anunciou que vai intensificar os seus esforços no centro de Moçambique, devido ao aumento do afluxo de população a centros de realojamento.
Uma segunda equipa de emergência da UNICEF foi enviada para Mutarara, uma das zonas mais atingidas no Vale do Zambeze.
A primeira equipa encontra-se em Caia desde a semana passada.
“O número de pessoas deslocadas está rapidamente a atingir um nível crítico. É crucial acção urgente para prevenir a eclosão de doenças, que são uma grande preocupação no início de uma crise, especialmente entre doenças”, afirmou a representante da UNICEF em Moçambique, Leila Pakkala. Particular preocupação representa o paludismo, que está agora no período de pico anual, dado que as inundações criam condições particularmente favoráveis à reprodução dos mosquitos, principalmente do tipo
transmissor da doença.
Lusa/Fim