Moçambique

Agência Ecclesia – Cheias de Moçambique

Moçambique em alerta vermelho.
Sem previsão de melhoria do tempo, coordenadora da Oikos no terreno dá conta das necessidades da população.
11 Fev 2008

 

Moçambique em alerta vermelho

Sem previsão de melhoria do tempo, coordenadora da Oikos no terreno dá conta das necessidades da população.

Alimentos, sementes, utensílios de trabalho, plásticos e tendas são algumas das necessidades mais prementes que as populações atingidas pelas cheias em Moçambique, precisam. O alerta é lançado por Claire Falander, coordenadora geral da Oikos em Moçambique, uma das ONG’s no terreno.

Duas semanas depois de dado o alerta de cheias no centro de Moçambique, mais de 35 mil pessoas já
foram transferidas para centros de acolhimento, sem acesso a alimentação nem água potável, devido aos cortes nas vias de acesso.

As fortes chuvas que atingiram o sul de Moçambique fizeram, até ao momento três vítimas mortais e forçaram o deslocamento de milhares de pessoas. A par das chuvas o excessivo enchimento da albufeira da barragem de Cahora Bassa, provocado por chuvas intensas que caíram nos países vizinhos (Maláui, Zimbabué e Zâmbia) tem levado à abertura progressiva das comportas do empreendimento, que debita já 6.600 metros cúbicos de água por segundo.

À perda das casas e de todos os bens, junta-se a perda das culturas, com grave dano na subsistência de milhares de pessoas.
Desde Abril de 2007 que a Oikos mantém 17 pessoas na província de Tete, no distrito de Mutarara e em Zambésia, distrito de Murrumbala, prestando ajuda, às vítimas das últimas cheias, na produção de alimentos e na manutenção das culturas. Espalhadas por todo o país estão 60 pessoas.

Claire Falander dá conta à Agência ECCLESIA que as chuvas nos países vizinhos de Moçambique “começaram muito cedo”, normalmente são entre Fevereiro e Março. “Este ano, com a antecipação da época das chuva, causou muitos estragos”. Num esforço conjunto com as autoridades locais, a Oikos está a auscultar as necessidades nas comunidades onde já trabalham, com cerca de 400 famílias. A boa colaboração entre as organizações do terreno permite passar informação para as entidades que também podem ajudar com água potável, alimentação, tendas para abrigar nesta época e também fazer uma previsão de sementes para que as populações possam retomar as culturas na segunda época de cultivo, em Março.

A coordenadora geral da Oikos em Moçambique afirma que o governo se mobilizou rapidamente para o resgate das pessoas nos locais atingidos, trabalhando em coordenação com as organizações do terreno, para identificar as necessidades e ajudar na fase de realojamento.

“O governo está a identificar o lugar mais seguro para criar centros de acolhimento”. Claire Falander aponta cerca de 700 famílias que perderam as suas casas no distrito de Murrumbala e que “precisam de alimentação, água potável, tendas e outros bens, porque perderam tudo”.

As famílias que perderam as suas culturas “precisam de alimentos para a sua alimentação, para os próximos três meses”, para além de instrumentos de trabalho e sementes, como batata doce, para o cultivo no tempo seco.

A Oikos quer diminuir o risco de que esta situação possa voltar a acontecer. Daí a necessidade de identificar os lugares mais seguros, para que as famílias ai se possam estabelecer e fazer as suas culturas, em zonas que não são vulneráveis. A proposta é que com a continuação do trabalho, se diminua a necessidade de socorro.

A água potável é apenas fornecida por tanque, “pois é mais difícil nesta fase de emergência construir furos”, explica Claire Falander. No ano passado, foram construídos quatro furos, em comunidades em zonas de risco.

A coordenadora da Oikos em Moçambique afirma que a situação não antevês melhorias.
“Todos os dias há informações de um departamento do governo, que trabalha com a comunidade internacional, que mostra as tendências, e presentemente a tendência é de subida das águas”.

As autoridades moçambicanas mantêm o alerta vermelho emitido há duas semanas e admitem que, nos próximos dias, a situação se complique sobretudo no vale do Zambeze.