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A “nova forma de colonialismo”, onde os países do Sul Global são forçados a investir em combustíveis fósseis para pagar as suas dívidas

De acordo com o novo relatório publicado por 35 organizações, incluindo a Oikos, e liderado pela Debt Justice, os países do Sul Global estão cada vez mais encurralados por terem de depender da exploração de combustíveis fósseis para gerar a receita que precisam para pagar as suas dívidas.

Mas quem está a colocar estes países nesta situação? São os países mais ricos e as empresas privadas que estão a pressionar os países mais endividados para que estes paguem as suas dívidas, forçando-os a continuar a investir em projetos de combustíveis fósseis. O relatório lançado reflete o facto da dívida dos países do Sul ter aumentado 150% desde 2011, sendo que os 54 países que estão em pior situação têm de gastar cinco vezes mais em reembolsos, não conseguindo assim lidar com a crise climática com que se deparam.

O objetivo primordial destes países tem sido ganhar dinheiro o mais rápido possível para pagar as suas dívidas, o que significa que não há mais espaço nem dinheiro para adoptarem medidas sustentáveis que contrariem os efeitos das alterações climáticas. O relatório refere ainda que estes mesmos países deveriam ter um maior acesso a subsídios, para que possam mitigar os efeitos das alterações climáticas, já que são os países do norte os principiais culpados por estes fenómenos pela sua poluição desmedida e indústria desenfreada.

O movimento #debtjustice pretende demonstrar que são os países que menos têm culpa das alterações climáticas, que têm de se endividar ainda mais depois dos eventos extremos recorrentes nos seus países, e que para além disso não conseguem precaver-se para futuros acontecimentos por não terem fundos para tal.

“Os países na linha de frente da crise climática precisam urgentemente de fundos para lidar com os impactos e ampliar as tecnologias verdes. Mas os desastres climáticos estão a empurrar cada vez mais os países vulneráveis para a dívida, prendendo-os num ciclo vicioso que impulsiona perversamente o investimento nos combustíveis fósseis que aceleram ainda mais a crise”, refere Arthur Larok, Secretário-Geral da ActionAid International.

A Oikos e mais 34 organizações afirmam assim que o cancelamento da dívida dos países do Sul é o mínimo que os países “ricos” podem fazer, para que os países endividados possam eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, fazer a transição para fontes de energia renováveis e sustentáveis, e sair deste ciclo de pobreza que lhes nega a possibilidade de se desenvolverem.

Consulte o relatório e saiba mais em https://debtjustice.org.uk