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Alterações climáticas – o contexto na América Central

A América Central é responsável por menos de 0,5% das emissões globais de CO2, mas, apesar disso, é uma das regiões mais afectadas pelas alterações climáticas. Estimam-se que aumentos da temperatura atmosférica e da água do mar (entre 0,4º e 1,8º em 2020), a redução da precipitação (até 15% em 2020) e um regime de chuvas mais instável, a subida do nível do mar, (entre 0,18 e 0,59m antes de 2100), irão afectar fortemente a produção primária, as infra-estruturas, a saúde e os meios de vida destas populações.

Na Costa Ocidental, os últimos dados mostram tendências estáveis em variáveis meteorológicas fundamentais, em especial uma menor precipitação anual e aumentos significativos (até 1ºC) da temperatura atmosférica. Alguns dos aspectos climáticos mais estudados e potencialmente mais “sensíveis” às alterações climáticas (como as características da oscilação Sul – El Niño, ou a temperatura da Corrente do Golfo), são fortes determinantes da ocorrência de eventos climáticos extremos, que geram danos significativos por inundações costeiras e planícies, deslizamentos e secas.

 

A quantidade e diversidade de efeitos obrigam ao desenvolvimento de mecanismos versáteis de preparação e resposta, pelo desafio de adaptação tecnológica e institucional, e porque devem ser viáveis e eficazes face às condições débeis de governação e escassez de recursos materiais e financeiros.

 

O aumento da vulnerabilidade ambiental é visível na degradação das zonas costeiras e condições fluviais, fruto da desflorestação manglar (a maior área do Pacífico Centroamericano) e da erosão nas partes altas das bacias hidrográficas; a requalificação do solo para actividades económicas e assentamentos urbanos; e a má gestão dos recursos hídricos, com elevada contaminação e desperdício do potencial de irrigação.

 

Actualmente, diversos factores que afectam a sustentabilidade dos sistemas de produção primária (exploração de madeira, moluscos, crustáceos, pesca artesanal e actividades agropecuárias em áreas de risco de desertificação) e a segurança alimentar das comunidades piscatórias e rurais (disponibilidade e qualidade da água, intrusão da água do mar nos aquíferos e salinização, ciclos de temperaturas, matéria orgânica e microbiologia do solo, entre outros) são considerados nos planos de gestão de risco estabelecidos para a variabilidade climática “normal”, agora agravada, e coincidem por isso com os eixos prioritários de uma estratégia mais efectiva de adaptação às alterações climáticas. São estas circunstâncias de elevada vulnerabilidade e os baixos recursos que colocam estas populações costeiras perante um risco de amplos custos económicos e sociais.

 

Conhecer mais sobre a vulnerabilidade e o impacto potencial das mudanças climáticas, e desenvolver capacidades locais de adaptação a esta realidade é o que procura o novo projecto onde a Oikos vai trabalhar, no Golfo de Fonseca.

Este é um projecto regional, que abrange 3 estados centro-americanos: Nicarágua, Honduras e El Salvador.