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Jovens de El Salvador dão voz a um futuro de paz e igualdade

Mais de 1.800 jovens salvadorenhos participaram na primeira Consulta Nacional de Juventudes, promovida pela Oikos e pelas Nações Unidas em El Salvador.

No dia 26 de agosto de 2025 foram apresentados os resultados de “¿Qué ondas con las juventudes? – Consulta Nacional de Juventudes; El Salvador, 2025”, um esforço sem precedentes que recolhe as vozes, aspirações, desafios e propostas de jovens entre os 18 e os 35 anos de todo o país, com um enfoque em direitos, género e interseccionalidade.

A consulta foi realizada no âmbito do projeto “Juventude diversa pela Paz, Participação e Direitos”, executado pela Oikos financiado pelo Fundo para a Consolidação da Paz do Secretário-Geral da ONU (PBF).

O evento de apresentação contou com a participação de organizações da sociedade civil, corpo diplomático, agências da ONU, juventudes organizadas e não organizadas, bem como da academia. Foram destacados temas como emprego, educação, saúde mental, participação cívica, violência, migração e direitos das juventudes LGBTIQ+.

Aspiramos a que esta consulta incentive a criar melhores projetos e políticas públicas, não vendo as juventudes apenas como beneficiárias, mas como protagonistas na construção de uma sociedade melhor”, afirmou Pedro Hernández Piedra, Coordenador da Oikos – Cooperação e Desenvolvimento.

A consulta abrangeu os 14 departamentos do país e combinou dados quantitativos e qualitativos. Entre os resultados mais relevantes destacam-se:

  • Mais de 60% dos jovens inquiridos não participa em organizações juvenis, principalmente por falta de tempo ou desconhecimento de espaços, embora tenha sido identificado um alto interesse em participar se forem criados ambientes acessíveis e seguros.

  • Os dados mostram que uma maior proporção de homens (69,9%) trabalhou na última semana em comparação com as mulheres (55,6%), evidenciando uma lacuna de género na participação laboral recente.

  • De forma geral, mais de 50% dos jovens inquiridos afirmaram nunca ter procurado apoio para a sua saúde emocional e mental. Entre os que o fizeram, 45,4% procuraram apoio ou consultas relacionadas com o bem-estar emocional e saúde mental, sendo esta prática mais frequente entre mulheres (48,8%) do que entre homens (41,9%).

  • À medida que aumenta o nível de escolaridade, do básico ao universitário, cresce o interesse pela política (embora de forma geral ainda baixo) e diminui a confiança nas instituições públicas.

  • Existem ainda diferenças significativas entre departamentos relativamente à satisfação com o acesso à saúde ou à educação, informação que poderá orientar melhor a intervenção pública.

“Hoje não basta diagnosticar, não basta ler esta radiografia… é preciso agir. Os resultados desta consulta são um ponto de partida, não um ponto final. Se queremos um país diferente, devemos assumir o desafio de transformar informação em ação, voz em proposta e proposta em mudança real. Cada dado deve transformar-se em decisão, e cada decisão deve ter como centro a vida e a dignidade dos nossos jovens”, afirmou Fátima Flores, jovem representante da equipa de inquérito.

Este estudo não é apenas um instrumento técnico para a formulação de políticas: é um convite à ação coletiva, com o objetivo de fortalecer a colaboração entre Estado, cooperação internacional, sociedade civil e jovens, criando ambientes mais seguros, inclusivos e maiores oportunidades.

A Consulta Nacional de Juventudes marca o ponto de partida para a elaboração da Agenda Nacional de Juventudes, alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com a Resolução 2250 do Conselho de Segurança da ONU.

Conheça o documento.