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Cimeira do clima da ONU: “tudo tem um custo, mas o maior custo é não fazer nada”

Líderes políticos dos 193 Estados-membros das Nações Unidas estão reunidos entre 23 e 27 de Setembro em Nova Iorque para a Cimeira da Ação Climática, convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Perante dezenas de líderes internacionais, António Guterres afirmou que “ainda não é demasiado tarde”

 

Advertiu, contudo, que o tempo está a esgotar-se. “A emergência climática é uma corrida que estamos a perder mas que ainda podemos ganhar. A crise climática é provocada por nós e as soluções devem vir de nós. Temos as ferramentas: a tecnologia está do nosso lado”.

O chefe da ONU afirma que é preciso “ligar a mudança climática a um novo modelo de desenvolvimento, uma globalização justa, com menos sofrimento, mais justiça e harmonia entre as pessoas e o planeta.”

Guterres disse que “tudo tem um custo, mas o maior custo é não fazer nada.” Segundo ele, “é tempo de mudar os impostos dos salários para o carbono, e taxar poluição, não pessoas.”. Ele acredita que é possível “fazer uma transformação política e dos mercados para um mercado verde, com melhores vidas, trabalhos, saúde, segurança alimentar, igualdade e crescimento sustentável.”

António Guterres frisou ainda que a cimeira não será para discursos nem negociações, mas para ação, com compromissos concretos. 

“Isto não é uma cimeira de conversações sobre o ambiente. Já tivemos suficientes conversações. Isto não é uma cimeira de negociação do clima, porque não negociamos com a natureza. Isto é uma cimeira de ação sobre o clima. Disse desde o início que o bilhete para entrar não era um discurso bonito, mas ações concretas e vocês estão aqui com compromissos”.

 

O Presidente da República português prometeu: “Nós não vamos falhar”

 

Marcelo Rebelo de Sousa respondeu ao este apelo de António Guterres e levou à Cimeira da Ação Climática algumas das medidas com que Portugal pretende travar as alterações climáticas.

“Nós fomos os primeiros a comprometer-nos a ser neutros em carbono até 2050”, afirmou, “porque não existe Portugal B e não existe planeta B”.

Referiu que essa promessa será alcançada “através da total descarbonização do sistema eletroprodutor e da mobilidade urbana e através do reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo”. Destacando que “a próxima década é crítica”, Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que a ambição para 2030 foi reforçada, com “o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% em comparação com 2005, atingir uma meta de eficiência energética de 35% e ter 80% da eletricidade gerada por fontes de energia renovável, incluindo uma total eliminação do carvão”.

Para atingir a neutralidade carbónica, Portugal vai envolver “a sociedade civil e o setor privado, preservando os habitats naturais e a biodiversidade e criando emprego”. “Que não se diga que nós falhámos. Nós não vamos falhar”.

 

Greta Thunberg considera, no entanto, que os líderes mundiais já estão a falhar.

 

“Como se atrevem”? A jovem ativista sueca, de 16 anos, condenou os políticos por não tomarem medidas contundentes para enfrentar as alterações climáticas.

“Vocês roubaram os meus sonhos e a minha infância com vossas palavras vazias. E ainda assim, eu sou uma das pessoas com sorte (tendo em conta a situação). Há pessoas a sofrer e a morrer. Os nossos ecossistemas estão a morrer.

Nós estamos a vivenciar o começo de uma extinção em massa. E tudo o que vocês fazem é falar de dinheiro e de contos de fadas sobre um crescimento económico eterno. Como se atrevem?”

 

“Vocês estão a falhar-nos. Mas os jovens estão a começar a compreender a vossa traição”, disse Greta Thunberg. “Os olhos de todas as gerações futuras estão em vocês. E se vocês escolherem falhar-nos, nós nunca vos vamos perdoar. Não vos vamos deixar seguir impunes. Aqui e agora é onde vocês devem estabelecer o limite.

 

“O mundo está a acordar e a mudança está a chegar, quer vocês queiram ou não.”

 

Foto: Reuters