Comunicado de Imprensa Oikos
23/11/2011
A organização “Publish what you fund” criou um índice de avaliação da transparência da cooperação para o desenvolvimento. Dos 58 doadores avaliados, entre países e organizações internacionais, Portugal está entre os mais fracos.
As classificações vão desde o “razoável” ao “muito pobre” passando pelo “moderado” e pelo “pobre” no que diz respeito à publicação da informação relacionada com a cooperação para o desenvolvimento. Portugal é o segundo na lista dos que incluem a tabela dos classificados de “muito pobre”.
O campeão da transparência na publicação de dados é o Banco Mundial, que se encontra no nível 78% do índice. Portugal encontra-se entre os mais baixos apenas com 17%, o que corresponde ao 45.º lugar entre os 58. A média dos 58 avaliados encontra-se nos 34%.
Este estudo, relativo a 2010, chegou a várias conclusões gerais, das quais destacamos as seguintes:
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- A maior parte da informação relativa à cooperação para o desenvolvimento não é publicada
- Existe informação mas muitas vezes não é publicada ou sendo-o, é difícil de aceder, é incompreensível, extemporânea e em forma de difícil tratamento.
- É possível atingir a transparência da cooperação para o desenvolvimento
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O mesmo estudo faz algumas recomendações:
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- Aumentar a vontade e acção políticas utilizando a Agenda internacional da Eficácia da Ajuda como um catalisador.
- As organizações devem publicar o que têm, construir sistemas de recolha do que não têm e garantir que toda a informação é acessível.
- Todos os actores da cooperação deverão juntar-se em torno de um referencial (“Standard”) comum de transparência (o IATI – International Aid Transparency Iniciative) aumentando a sua abrangência e impacto.
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Relativamente a Portugal, este estudo informa que:
- A informação disponível para o público sobre a cooperação para o desenvolvimento é fornecida no website do IPAD (Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento). É difícil de compreender se a informação relacionada com os projectos está ou não desactualizada na medida em que não contém datas.
- A maior parte da informação política sobre o sector está desactualizada.
- Portugal não é signatário do IATI.
Concluiu que Portugal deveria aderir ao IATI, definir um calendário para a sua implementação e dar início à publicação da informação relativa à cooperação para o desenvolvimento através do registo IATI e que Portugal deveria apoiar e cumprir a ambiciosa e abrangente Garantia de Transparência da UE.
Aproximamo-nos da realização do 4.º Fórum de Alto Nível sobre a Eficácia da Ajuda que terá lugar em Busan, Coreia do Sul, já no final de Novembro e princípio de Dezembro. Reunir-se-ão cerca de 2000 representantes dos doadores e dos países receptores da ajuda, bem como organizações da Sociedade Civil. Na sequência dos anteriores Fora de Alto Nível (2003, 2005 e 2008, respectivamente em Roma, Paris e Accra), em Busan pretende-se reforçar os compromissos assumidos com a qualidade da ajuda. Não basta afectar mais fundos para a erradicação da pobreza. É necessário que sua distribuição seja eficaz. Para tanto é necessário que, por um lado, as necessidades e, por outro os recursos, formas e vontade política de as satisfazer também sejam conhecidas e previsíveis. Só assim se pode programar uma ajuda eficaz. Só assim se pode chamar à responsabilidade aqueles que falharam nos seus compromissos. Para a eficácia da ajuda é pois fundamental a sua transparência.
Portugal e todos os actores da cooperação (doadores ou beneficiários) têm agora em Busan a oportunidade de se vincularem a uma forma comum de com mais eficácia contribuírem para que muitos vivam em dignidade, em justiça e com os seus direitos humanos respeitados.
Este apelo consta de carta dirigida pela Oikos – Cooperação e Desenvolvimento ao Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Dr. Luís Brites Pereira, cuja versão integral está disponível mediante solicitação.
» Para ver o novo índice de transparência
» Para ver as características específicas de Portugal
Sobre a Oikos
A Oikos – Cooperação e Desenvolvimento é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) portuguesa, constituída em 1988. Em 1992, o Estado Português reconheceu-lhe o estatuto de Pessoa Colectiva de Utilidade Pública e, em 2000, foi-lhe atribuído o Estatuto Consultivo junto do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC).
Tem como missão erradicar a pobreza extrema e garantir que todas as pessoas usufruam do direito a uma vida digna. Trabalhando nas áreas de Acção Humanitária, Vida Sustentável e Cidadania Global, actua através de delegação própria em Cuba, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Moçambique, Nicarágua, Peru e Portugal.
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Marisa de Freitas David – Coordenadora de Comunicação
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