Muitas mulheres rurais permanecem invisíveis nas estatísticas: ou porque não estão registadas como contribuintes ativas, ou estando, as mulheres têm menos acesso à terra, à formação, ao mercado e ao crédito (FAO, 2017). Ainda em outros casos, as mulheres estão registadas como proprietárias por uma questão burocrática mas são os maridos que mantêm a gestão da exploração. Por isso, não existem dados concretos sobre a situação das mulheres na agricultura, quer como proprietárias de explorações agrícolas, quer como trabalhadoras.

As mulheres têm um papel fundamental no desenvolvimento económico e na diminuição da pobreza nas regiões rurais, pelos diversos papéis que cumprem e porque dão um imenso contributo ao rendimento familiar (FAO, 2018): são importantes forças de trabalho, pago ou não pago, cumprem com as tarefas no seio familiar – o que contribui para a libertação de mão-de-obra dos homens para atividades mais físicas – e são, muitas vezes produtoras e/ou prestadoras de produtos e serviços diferenciados.

Acima de tudo, as mulheres são as principais cuidadoras das gerações mais novas e mais velhas, pelo que as suas contribuições para a economia familiar são frequentemente desvalorizadas, em parte pela invisibilidade do seu trabalho ou pela sua não remuneração. Este reconhecimento passivo perpetua a marginalização das mulheres, o que dificulta o potencial e a evidência da importância que têm para o desenvolvimento rural.

De forma a aprofundar o papel da mulher na agricultura, assim como debater o estado atual, a Oikos e a ANIMAR convidam-no/a a participar na próxima agro-tertúlia online, dia 27 de outubro pelas 18h via Zoom.

Esta agro-tertúlia será dinamizada por:

Cristina Amaro “Projeto MAIs” Mulheres Agricultoras em Projetos do Interior

Vive e trabalha em Viseu. Professora coordenadora na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu. Centra a sua investigação na transição agroecológica e na dinamização de sistemas alimentares sustentáveis, ao nível de territórios de baixa densidade demográfica, com enfoque na agricultura familiar, nas mulheres agricultoras e na valorização dos serviços do ecossistema e dos territórios do interior. Tem participado em diversos projetos centrados no desenvolvimento rural, nomeadamente o projeto MAIs. Mulheres agricultoras em territórios do Interior e PAGE. Paisagens alimentares com gerações de mulheres inovadoras. Advoga que o uso dos pesticidas é insustentável. É apicultora sempre que pode!

Joana Pinhão – Enóloga e consultora

Cresceu no Ribatejo, em Alpiarça e desde muito cedo começou a sua paixão pela enologia, com muitas férias de verão passadas nas vindimas. Distinguida como Enóloga do Ano nos P´remios W – Aníbal Coutinho em 2018 e nomeada para Enóloga do Ano pela revista de Vinhos em 2021, dedica-se a vários projetos em diferentes regiões do país. Engenheira Agrónoma de formação, conta já com uma vasta experiência não só em Portugal (Alentejo, Tejo, Douro, Vinhos Verdes) mas também em Espanha e África do Sul, em projetos de renome com vinhos muito marcantes e de alta qualidade. Casal das Aires no Tejo, Somnium no Douro em parceria com Rui Lopes, e mais recentemente, Parapente, são projetos marcados pela frescura e por uma clara identidade enológica.

Miguel Viegas – Investigador Univ. Aveiro

É médico veterinário, tendo exercido durante 19 anos no setor agropecuário. Entretanto doutorou-se em economia e enveredou pela carreira académica na Universidade de Aveiro onde é professor e investigador. Entre 2014 e 2019 foi deputado no parlamento europeu onde integrou entre outras a Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Publicou em 2020 o livro “A Política Agrícola Comum Pós-2020: Os Desafios Para Portugal”.

Susana Viseu – Business as Nature
Fundadora e atual Presidente da Business as Nature – Associação para a Produção e Consumo Sustentável e a Economia Circular, é desde 2021 consultora do Presidente da República Portuguesa para os assuntos de transição climática, ambiente e Energia , economia Circular, Ordenamento do Território e desenvolvimento do interior, oceanos, recursos hídricos e marinhos. Com mais de 25 anos de experiência como gestora e consultora nas áreas da sustentabilidade e ambiente com diversas formações académicas na Universidade de Lisboa, Universidade da Califórnia, Universidade de Oxford e London Business School.

Sílvia Martins
Mestre em Recursos Biológicos, Desenvolvimento do Território e Sustentabilidade pela Universidade de Coimbra, Licenciou-se em Agricultura Biológica na Escola Superior Agrária de Coimbra. Apaixonada pela natureza, pelos ecossistemas agrícolas e aquáticos e especialmente por plantas. Sempre se reviu no papel de mulher transformadora e ativista tendo participado em projetos e associações relacionadas com a defesa dos direitos das mulheres rurais. Nasceu no mundo rural, viveu no mundo rural e gostaria de regressar, houvesse mais oportunidades para tal.

E moderada por:

Artur Cristóvão – UTAD

Professor Catedrático aposentado do Departamento de Economia, Sociologia e Gestão da UTAD. Licenciado em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia da então Universidade Técnica de Lisboa. Mestre e Doutor em Educação Contínua e Vocacional pela Universidade de Wisconsin-Madison, EUA. Investigador e coordenador de projetos de investigação na área dos Estudos Rurais. Deu colaboração noutras instituições académicas, no país e no estrangeiro. Foi Presidente da Direção do Círculo Cultural Miguel Torga e membro da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local e da Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais. Foi membro do Conselho Consultivo da Associação Portuguesa de Economia Agrária e Presidente do Conselho de Administração da Fundação Museu do Douro.

Célia Lavado – ANIMAR

Geógrafa. Mãe e voluntária, procura ser a mudança que quer ver no mundo. Gestora de projetos e animadora de redes com vínculo laboral à ANIMAR há mais de 20 anos coordena os serviços de Governança, Igualdade e Cidadania e Sustentabilidade, Coesão Social e Territorial. As questões da igualdade são uma das suas grandes paixões enquanto área de trabalho e acompanha toda a estratégia da ANIMAR na área da Igualdade de Género enquanto estrutura Rede de Desenvolvimento Local neste o seu início, em autoformação entre pares constante e muito rica.  Coordena o Dia Municipal para a Igualdade, ainda enquanto iniciativa de projeto da ANIMAR desde 2010. Valorizadora de processos colaborativos, participados, genuínos e baseados na confiança e no trabalho em parceria, acreditando que são mesmo a chave para a transformação social.

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