O ciclone Kenneth atingiu a província de Cabo Delgado, nordeste de Moçambique, dia 25 de abril – a tempestade tropical mais forte que já atingiu o país e causou destruição e desalojamento em larga escala. Esta é uma província onde a Oikos trabalha e tem trabalhado ao longo dos anos, com profundo conhecimento das comunidades e está já a coordenar com parceiros a melhor forma de conseguir fazer chegar assistência às populações, nomeadamente com o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) e Fundação Nema.
Moçambique, ainda completamente devastado pelo ciclone Idai, passa pela emergência no meio da emergência… É a primeira vez na história que dois fortes ciclones tropicais atingem Moçambique na mesma temporada.
Até agora, 38 mortes foram reportadas pelo governo. Pelo menos 34.964 casas foram total ou parcialmente destruídas, enquanto pelo menos 21.717 crianças foram afetadas com escolas demolidas.
A Oikos está também com equipas no local a fazer o levantamento das necessidades mais urgentes: alimentação, água, proteção e abrigo são as prioridades. O ciclone atingiu uma população já vulnerável, que estava em muitas áreas afetadas pela violência e pobreza.
A devastação causada pelo ciclone é agravada pelo impacto que tem na agricultura, nos meios de subsistência e na situação de segurança alimentar e nutricional do país. Avaliações preliminares do governo relatam 31.300 hectares de perda de terrenos agrícolas.
A Oikos trabalha há 8 anos num programa do Governo Moçambicano e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA) para a promoção de mercados rurais e apoio aos pequenos produtores, em 5 distritos da província de Cabo Delgado, com mais de 200 Associações locais. Muitas das famílias rurais beneficiadas por este projeto foram afetadas com campos agrícolas que foram destruídos. Com o ciclone Kenneth a atingir o pico da época de colheita, a disponibilidade de alimentos a curto, médio e longo prazo, é preocupante.
Dados oficiais de 29 de Abril:
» 168.254 pessoas afetadas em Cabo Delgado e 900 pessoas afetadas em Nampula (estimativas preliminares do Instituto Nacional de Calamidades);
» 34.674 casas parcialmente ou totalmente destruídas;
» 37.696 pessoas em centros de alojamento
» 11.422 pessoas afetadas assistidas
Nos distritos de Quissanga, Macomia e Ibo (os mais afetados) os relatos são de que aldeias inteiras foram destruídas com comunidades incapazes de sustentar seus meios de subsistência. A situação das pessoas nas aldeias ao longo da costa é semelhante, em locais como Ponta Pangane e Mucojo. Ilhas como Quirimba, Ibo, Matemo e Tambuzi estão isoladas sem barcos para chegar a terra.
A cidade de Pemba sofreu inundações em diversos bairros devido ao dilúvio de chuvas nos últimos três dias. Outras inundações também foram relatadas nos distritos de Metuge e Mecufi.
O Programa Alimentar Mundial já começou a distribuir assistência às comunidades afetadas, atingindo pelo menos 11 422 pessoas nos distritos de Palma, Mocimba da Praia, Macomia e Ibo.
A sua ajuda é precisa mais que nunca: www.oikos.pt/emz ou PT50 0036 0265 9910 0013225 29
Fotos: Nema Foundation