O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre as alterações climáticas faz previsões mais precisas e mais pessimistas do que o último, publicado em 2013.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas para avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas, as alterações climáticas são fenómenos irrefutavelmente provocados pelo Homem, sobretudo pelas emissões de carbono. Desta forma, as emissões vão ultrapassar os limites definidos no acordo de Paris de 2015. Os líderes mundiais tinham-se comprometido a limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC, mas a linha vermelha está a ser ultrapassada. Em todos os cenários traçados pelo IPCC, o planeta vai ultrapassar a marca definida mais cedo do que o previsto (até ao fim da década de 2030).
O relatório, com mais de 3 mil páginas e da autoria de mais de 230 cientistas, revela que o aquecimento do planeta está a acelerar o aumento do nível do mar, a provocar degelo e a agravar fenómenos extremos como ondas de calor, secas, inundações e tempestades. Os ciclones tropicais estão cada vez mais fortes e húmidos, enquanto o gelo Ártico está a diminuir no verão. Como se isso não fosse suficiente, verifica-se que todos estes fenómenos apresentam um agravamento constante e as recentes notícias provenientes de diversos pontos do globo têm vindo a comprová-lo.
Pontos-chave do relatório do IPCC
– A temperatura da superfície global foi 1,09ºC mais alta na década entre 2011-2020 do que entre 1850-1900;
– Os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados desde 1850;
– A recente taxa de aumento do nível do mar quase triplicou em comparação com 1901-1971;
– A influência humana é “muito provavelemente” (90%) o principal impulsionador do recuo global das glaciares desde a década de 1990 e da diminuição do gelo marinho do Ártico;
– É “praticamente certo” que extremos de calor, incluindo ondas de calor, tornaram-se mais frequentes e mais intensos desde a década de 1950, enquanto os eventos frios se tornaram menos frequentes e menos graves.
António Guterres, secretário das Nações Unidas, intitulou este relatório de “código vermelho para a humanidade” e revela ter esperança nos líderes mundiais para evitar o aquecimento de 1,5ºC que está “perigosamente próximo”. É esperado que a próxima Conferência do Clima (COP26), prevista para novembro em Glasgow, na Escócia, seja uma oportunidade para inverter radicalmente o rumo catastrófico seguido até agora.
Consulte o relatório na íntegra aqui: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/